Monday, February 26, 2007

Deixar a sombra na margem dos caminhos estreitos requer que os pesadelos se aninham dentro dos pedaços feitos de fogo. Posso dizer que preciso de ter uma nova memória, um festival do mais estranho possível. Luzes com temperaturas optimizadas para encontros sub naturais. Desterro os fragmentos da vida vinda da terra para segurar as chamas da silhueta, e coloco todos os sentimentos no vazio do ar. O coração deixa de ter filamentos de cordilheiras espessas; somente tenho que a levar para a capela para cima do altar onde poderei dar as suas veias ao inferno. Sentir meus braços em volta do cadáver torna o sonho uma cor só, na qual nem sei qual a quantidade de força poderá suster a nossa respiração. Espolio a natureza de mim pela causa, por enevoar uma noite terei vencido o resto das barreiras da matéria. Enrolo dois corpos num, e penetro as campas à minha volta com os pés. Não tenho dó da dor alheia, nem os vasos de flores falsas escapam na fúria de voltar a colocar as coisas no seu devido sítio. Encosto meu ombro na porta da capela, na qual cede facilmente que nos faz rebolar pelo chão. O desequilíbrio dos espíritos parece apoderar-se do espaço. Deixo a Laura no chão e começo a levantar a madeira do estrado, partindo-a com as mãos até fazer o máximo de cruzes possíveis.