Monday, November 06, 2006

Entreaberto entre planos equidistantes a respiração emerge em soluços, puxado pelo vento de cabelos enlaçados, fechado em masmorras de ferrugem. É verdade que o tempo não volta, mas sempre a questão sufocará os pedaços da dor que a barreira oprime: aonde está o som retalhado?!...Chove, continua a chover, pontos vazios preenchem o ar, abrem-se crateras robustas a cravar a terra, a rasgar o mármore. Cada fragmento fica descoberto com salpicos de pedras afiadas, os ossos estão limados em brilho intenso, até o eco dos impulsos famintos tilintam dentro das Almas cobardes. O perdão dos sinos blasfema contra o sono imortal da pureza da água, num instante de épocas trocadas a ouvir a memória do aroma da terra trespassada, profanada. O coveiro aproxima-se das ossadas e retira um fio de prata da terra. Fica gelado quando olha para a pedra transparente que o fio segura, seus olhos vertem lágrimas de sangue congeladas, enquanto eles esvoaçam em direcção à pedra transparente. O caixão foi violado...