Saturday, September 16, 2006

Deitado na falésia abro o livro da sorte. Descarto tudo o que tenho das mãos. Pego no tempo para desfolhar páginas atrás de páginas. Rabisco palavras com a mente. Estou abafado entre calhaus, com as pernas pousadas acima do nível da cabeça para poder deixar escorrer o sangue do cansaço. A pele fica enregelada nesse doce pingar. Passo os segundos a relembrar pigmentos do passado, enquanto o vento sobe na minha direcção e leva o meu cabelo. Espalha-se numa dança pelo ar. A paz da leveza de brincar com os raios de sol adorna a natureza com aquele sopro. Tudo acompanhado pelo som do repicar dos sinos que se ouve lá em baixo, na aldeia.

1 comment:

susana said...

Imagino-me assim ás vezes, no alto de uma montanha, afastada de tudo, mas nao me perderia em divagações, antes gritaria a plenos pulmões toda a frustação, toda a revolta, toda a angústia!Entao regressaria revestida de uma nova força....